Uns dos meus primeiros contato, como já narrei aqui, com a síndrome de down, foi no pre natal da Maria Eduarda, quando o médico falou que a translucência nucal estava ok, assim não teria síndrome de down.
Como todo o pai/mãe, cada um vai guardando passagens que tem com seus filhos, e com a Duda a que mais marcou foi justamente o primeiro banho, onde ela chorava muito e quando peguei ela para dar o banho ela parou de chorar!
Quando devolvi ela para a enfermeira ela voltou a chorar e a enfermeira me devolveu e ela parou de chorar, uma ligação muito forte entre nós.
O mesmo banho que não consegui dar na Malú, pois era tão pequena, e meu medo tão grande que mal conseguia a pegar direito, ficou também marcado essa tristeza, pois meu medo era maior do que eu.
Mas quando nasceu a Malú, nasceu também uma irmã a Duda, a irmã mais velha.
A Duda sempre pediu uma irmã ou irmão para poder brincar e não ficar sozinha.
Nunca esquecerei do olhar que as duas trocaram quando se viram, a Malu segurando o dedo da Duda e esta olhando para ela com um olhar que a palavra amor não consegue explicar.
A Duda não é irmã de uma menina especial, e sim é uma irmã especial.
Acredito que todo irmão ou irmã de uma criança especial é especial, pois todos os que tenho conhecido tem um amor incondicional pelos seus irmão especiais.
A Duda, assim como os irmãos de crianças especiais, logo cedo tem de encarar uma nova realidade que se instala em sua vida.
São rotinas diferentes, atenção diferente.
Ter um irmã nova em casa já é motivo de ter ciúme naturalmente, pois toda a atenção é desse nova moradora.
Naturalmente o irmão mais velho terá ciúme mesmo ganhando brinquedo do novo irmãozinho, o ciúme faz parte, pois a atenção que antes era só dela agora será dividia.
A Duda diz que se sente abandonada pela mãe, não tinha mais a atenção dela! Um drama mexicano.
E quando a sua irmã é uma criança é especial?
A atenção é redobrada com ela, pois estamos no mundo do desconhecido.
Difícil para a Duda, e ainda mais para mim e para a Juliana, pois para nós pais sempre nada muda! Mas muda tudo!
Pais e familiares temos de ter muito cuidado, pois é natural que uma criança mais nova atraia a atenção e especial atrai ainda, mas não podemos exagerar ou desviar demais o olhar, por que toda criança precisa de atenção.
O fato dela ser comum e não a obriga lodo de cara entender tudo o que está acontecendo.
Temos de ter essa delicadeza e criar rotinas especiais para esses irmãos não sofram tanto e não nos façam sofrer.
De início, o grande numero de médicos que íamos sem ela, depois as terapias, tudo isso tirando os pais dela, Duda.
Depois cada um que chega, quer conhecer a Luísa e muitos deixando a Duda ou o irmã mais velha de lado!
Essa crianças de hoje são muito inteligentes, rápidas e práticas.
De cara já perguntou: “Eu também ia nessas terapias? Ia nesses médicos?”
O que responder? Para nós era cedo ela descobrir a “verdade”. Mas como contaríamos a ela a “verdade”?
No início enrolamos um pouco, mas não demorou muito e abrimos o jogo com a Duda.
Depois com a orientação de uma psicologa, fomos orientados como transmitir a notícia e ainda a Duda passou a fazer sessões para controlar o ciúme e a ansiedade.
Explicamos que ela não fez essas terapias, e que a Malu faz pois nasceu com Síndrome de Down, não era uma doença e sim uma limitação e que a Luísa ia precisar muito dela, hoje, e para a vida toda.
Toda a explicação foi bem aceita pela Duda e ela passou a ser estimuladora oficial da Luísa.
As palavras do Dr. Zan, se concretizaram: ” A grande estimuladora da Luísa será a irmã mais velha!”
Mas as brigas pelas bonecas, pela atenção da mãe também nasceram e continuam!
Que bom!
Tudo o que a Duda ensina a Luísa aprende e faz! As lições que as terapeutas passam de casa são repassadas para a Duda ensinar a Luísa que aprende rápido!
Desde abrir a mão, até o encaixe das pedras em um tabuleiro, tudo é prontamente compreendido pela Luísa.
Um dia a Duda, depois de muita luta da Juliana ensinando a Luísa a andar, a Duda vira para a irmã e diz: “Hoje você vai andar!”
A Duda pegou um carrinho que imita o de supermercado que a Malu ganhou de aniversário, colocou ela para empurrar e disse: “Vai!” e passou a andar e correr com a Luísa, daquele jeito que o pai e a mãe ficam de cabelo me pé.
Passado 30 minutos a Luísa já estava empurrando sozinha e quando largou o carrinho, passou a andar!
A Duda sempre tratou, brincou com a Malú como uma criança comum, nunca pensou em diferenças ou limitações.
As amigas da Duda a mesma coisa, as crianças nunca veem diferenças, sempre brincam e se relacionam de forma comum.
Agora, interessante foi por a Duda em contato com outras crianças down, pois a Malu ela já conhecia, estava na sua área de conforto, mas outras crianças com down percebemos que a Duda ficava meio receosa.
Por isso, gosto muito que a Duda vá com a Luísa na terapia e fica na sala de espera para poder se relacionar e aprender.
Mas a Duda é rápida, logo conquistou esses espaço com os amiguinhos da Luísa.
A vida logo cedo trouxe para Duda uma responsabilidade, que ela já sabe, que terá de continuar sempre zelando e cuidando da irmã, tarefa que tenho certeza que essa minha pequena líder vai saber desempenhar.