Quando a Juliana ficou grávida da Maria Luísa, já era pai lógico da Maria Eduarda.
E assim, você pensa que tudo já está certo, que você já está preparado, pelo menos para este novo início.
Você se sente seguro, não pensa que não precisa evoluir em mais nenhum aspecto e que você já é um ótimo pai para a Maria Eduarda e é só seguir.
Mas aí vem a notícia que ela pode nascer com Síndrome de Down, e nesse momento você já desmonta.
E agora?
Foram inúmeros exames, inúmeros momentos de tensão, de medo, de algo estar errado com a Maria Luísa, essas possibilidades inundavam minha cabeça.
Pedia muito a Deus um milagre e que ela nascesse perfeita. Mas o que é a perfeição?
Talvez por egoísmo, pois não queria que algo estivesse errado para não ter de sair da nossa zona de conforto e ter um “problema”, precisava jogar aberto comigo mesmo.
Mas o que mais me preocupava, era por que ela teria de ter uma condição de inferioridade com os demais? Como ela lidaria com isso? E seria eu capaz de dar a ela o que ela necessitava (material e afetivamente)?
E ainda, por que a Duda e a Juliana teriam de sofrer?
Passaram os meses e nasce a Maria Luísa, linda, forte!
Ela nascia depois de 2 anos após o falecimento da minha mãe, ela seria a única neta que não conheceria aqui, digo isso, pois lá em cima no céu minha mãe e ela devem ter conversado muito e aposto que minha mãe ajudou Deus a escolher ela para nós.
Ela viria para preencher um espaço enorme deixamos por ela em nossas vidas e somente alguém especial para preencher uma espaço tão especial como o que ela ocupava e ocupa em nós.
Todos exames feitos, tudo estava bem, este já era o milagre que precisava.
Um dia pensando, analisei o quanto a síndrome de down já estava em minha vida e não tinha visto.
Meu pai homem de grande coração, já ajudara a ADERE, associação que a muito tempo trabalha para inclusão. Depois uma filha de uma cliente com tem a síndrome de down tinha por mim um carinho enorme que não entendia, e depois em minha campanha a vereador em 2004 fui levado a conhecer um trabalho na Carpem diem.
Momentos soltos em minha vida, que não tinha dado a devida atenção e agora estava lá eu com uma pequena filha down.
E nascia ali um nova pessoa.
Não teria de adquirir novas habilidades, teria apenas de ter informação e tirar de dentro de mim o que tem de estar lá, em mim, em você , em todas as pessoas, o AMOR.
Sim, passei a entender, o que a Maria Luísa precisa de mim, tinha de estar ali que era o AMOR.
Sim, pois somente com AMOR você consegue superar as dificuldades e medos do momento.
Somente o AMOR é capaz de você ser confiante, ter fé, para seguir em frente, de sair do Luto e ir para a Luta.
O AMOR faz inúmeros pais, mães, tios, tias, avôs, amigos, enfim a todos ajudar nessa caminhada.
Vejo esse AMOR olhando para outros pais, que seu filhos tem síndromes ou deficiências mais sérias que da Maria Luísa e estão lá firmes enfrentando a falta de recursos, de lugares para atendimento, de locomoção com muita força, determinação e AMOR.
Somente o AMOR faz a mudança, de passar a gostar de festas, de estar mais com as pessoas, pois ela precisa disso, contato com as pessoas.
O AMOR mostra que devo ser mais presente na vida da DUDA, de acompanhar mais ela e ser o pai que ela imagina.
Ter forças para lutar, esquecer o medo e seguir adiante.
De abraçar uma causa que agora era minha, de todos os downs e seus familiares serem respeitados e terem acesso a serviço independete de condições sociais, financeiras e de localização geográfica.
Pois, é fácil ser respeitado em seu meio, mas quando nos chocamos com o mundo vemos o tanto de desrespeito que encontramos.
E feliz, aqueles que estão nesse trabalho ou em outros sem ter alguém em sua família com deficiência pois é sinal de um grandeza de AMOR, sem igual.
Sabe eu deveria todos os dias me ajoelhar e agradecer a Deus todas as bençãos e minha vida, e em especial por ter a Juliana, a Maria Eduarda e a Maria Luísa em minha vida.
Um down, não é diferente ou igual a ninguém ele é simples mente único assim como cada um de nós.
Pode ter suas “limitações” assim como cada um de nós tem.
São especiais assim como você é também.
A única coisa que os torna diferente é um sorriso espontâneo e um AMOR sem limites.
Que para isso basta deixarmos o AMOR que mora dentro de nós sair,
É lógico que nesse meio do caminho tem um monte de coisas para falar mas hoje eu queria falar do principal, pelo menos para mim e espero que você tenha gostado e que seja útil, para você que tem, terá um filho down. Se você não tem por enquanto que tenha sido útil para um crescimento voluntário.
Muito obrigado a todos!