Uma manhã de um dia qualquer quer não me lembro mais qual, mas estávamos todos juntos, para mais um ultrassom, como em todos os outros.
Eu, Juliana e a Duda, íamos felizes, talvez nossa maior felicidade era agora ver a Duda acompanhar os exames na irmã.
O médico sempre muito atencioso ia conversando com a gente, até que terminado o exame pediu para irmos a uma sala a o lado para conversarmos.
Mal ele sabia que um ano antes tínhamos passado por um terrível momento, quando em um ultrassom todos juntos descobrimos que tinham os perdido nosso bebe.
Um filme passou em nossas cabeças, as lembranças daquele dia, as dores, voltaram de um vez só.
Mas agora era diferente, pois ele tinha falado que estava tudo bem o que estaria de errado?
A espera é terrível! Você não tem como correr tem de enfrentar, aguardar a notícia, a vontade é de fugir, mas você não tem para onde.
Ele entra na sala, a qual pediu para esperamos, e nos deu a notícia que nossa filha poderia nascer com síndrome de down, pois a translucência nucal estava maior.
De cada 1000 crianças 1 nasce com síndrome de down.
O médico foi muito atencioso, e não sei se tem outra forma para dar esse tipo de notícia, tem de ser direto como sempre foram conosco.
Mas e agora o que fazer? Você fica sem chão! Tem de apoias sua esposa, mas você não tem força.
Ligamos para o ginecologista e obstetra da Juliana e fomos para lá.
Tudo o que é novo é desconhecido traz medo e insegurança.
Era uma notícia nova que poderia se concretizar ou não.
Diversas pessoas nos relataram que no ultrassom, apareceu o aumento da translucência nucal, mas seus filhos nasceram sem a síndrome de down.
Conversamos com o nosso médico ele nos acalmou, mas a partir daí até o nascimento nos não acalmamos mais.
Poderíamos fazer um exame muito invasivo para descobrir de pronto, mas como ele poderia gerar um aborto preferimos não.
E além, disso com ou sem síndrome de down, nada importava mais do que ter a nossa filha! O nosso amor por ela já era completo.
Passamos a visitar Inúmeros sites e ter inúmeras informações!
Inúmeros possíveis problemas de saúde que poderia nascer.
Oito meses, cada exame muita preocupação.
Mas a nossa principal pergunta sempre era: “Está tudo bem com ela?”
Sabe, se soubéssemos naquele momento que Deus nos mandaria uma menina tão linda, que possui um sorriso lindo e capaz de mudar a sua vida, talvez todo esse momento seria diferente.
Mas não poderia ser assim, pois esse período é uma preparação.
Tudo foi um amadurecimento da notícia, pois não é fácil você ter uma notícia dessas.
Você idealiza, sonha seu filho e sua filha, e de um momento para outro tudo muda.
Para mim é a síndrome de down, mas para outros pais a notícia é outra, mais dura, e a luta são outras.
Você imagina as inúmeras dificuldades, tem medos, tem conceitos, tem preconceitos que você tem de mudar.
Por isso, os 8 meses foram uma grande preparação, pois não é só a luta do seu filho ou filha pela vida, por direitos, é a nossa luta contra nós mesmos, contra o comodismo, contra nos.