A corrida tem seu som ou melhor tem seus vários sons.

Gosto de treinar ouvindo músicas dos mais variados tipos, mas na corrida não gosto de ouvir nada.

Já corri ouvindo música durante a corrida e por sinal meus resultados foram muito bons, pois a música te motiva muito.

Cada batida, cada som te leva para frente mais rápido.

Porém, gosto de ouvir os sons da corrida.

As conversas, as risadas, a buzina da largada e a euforia os gritos do pessoal!

As pisadas no asfalto de todos juntos formam uma sinfonia!

Um som único, inúmeros pés tocando o asfalto ritmados proporcionando um som maravilhoso!

Ouço meus pensamentos, meus problemas começam a inundar minha cabeça na hora da largada, contas a pagar, família, que vão sumindo a cada metro e se transformando em esperança e solução.

O som da galera gritando ao passar o túnel, o bom dia dos staffs.

As piadas: “Só falta 9 km, já foi 1km!”

O silêncio!

O canto dos pássaros, o latido dos cachorros, o incetivo das pessoas na rua!

Os carros, as buzinas de pessoas chateadas pela via estar fechada.

O silêncio!

E a comemoração da chegada!

As perguntas:”Quanto tempo você fez?” “Junta vamos tirar uma foto!”

Os sons da corrida, são tantos e só ouve quem realmente está na correndo.

Na contramão do que todo mundo fala, quando está correndo que nunca deixará de correr, que olhando para quem parou por qualquer motivo diz a si mesmo que nunca irá parar de correr, eu quero te dizer que: “É fácil para de correr!”.

Digo isso, não com satisfação ou orgulho, mas com o sentimento de derrota, de comodismo que me inundou após o surgimento e a cirurgia de uma hérnia inguinal, uma simples hérnia inguinal.

Durante a prova de 21 km da Asicis dia 02/08/2015 uma dor, uma queimação me incomodava muito, pensei em parar no 10 km, mas não parei.

Pensei comigo já foi metade, se for algo serio vou depois ao hospital o importante é terminar, concluir o objetivo que estava determinado.

Todo corredor é determinado e teimoso com a dor, por vezes não respeitando o seu corpo.

Terminei a prova e a dor passou.

Fui ao medico, este diagnosticou de cara a tal hérnia inguinal e disse que o único tratamento é a cirurgia, mas disse poderia continuar a correndo.

Mas depois de ler, por medo e por segurança parei, achei melhor não correr, foi o meu erro.

E foi muito fácil parar de correr!

De repente os treinos, a rotina, as corridas, tudo antes prazeroso se tornou cansativo,  chato e tudo e qualquer coisa era motivo para não treinar, não correr.

Ganhei um tempo a mais para o trabalho, para família e não tinha mais aquele prazer, que agora não fazia mais falta.

E comecei também a procrastinar a cirurgia, pois só iria fazer por causa das corridas, pois nada mais poderia, em tese, prejudicar.

Não tinha nada me cobrando para correr a não ser meu corpo, minha mente que facilmente poderiam ser convencidos do contrário.

Trabalho cobra todo dia, família cobra toda hora, mas o seu bem estar não.

A única área prejudicada seria a  corrida, o trabalho,a  família nada seria prejudicado.

Minha esposa Juliana e meu professor Marcelo Avelar, sempre perguntando e aí já marcou? Quando vai fazer? Faz logo que você ainda aproveita as provas do verão!

Eu respondia calma to esperando o melhor dia, to vendo no trabalho.

Não tinha por que fazer a cirurgia.

Toda a motivação sumiu.

E o pessoal, amigos e familiares, me perguntavam quando me encontravam: “E as corridas?! Qual é a próxima! Vamos juntos? Vi sua foto da corrida no face!”.

Nessa hora, essas perguntas disparavam um gatilho em mim,  acendiam a luz, tenho de fazer a cirurgia!

Mas por que?

Pois com o passar do tempo, desde que parei muitas das pessoas motivadas por mim a correr também estavam parando, desanimando, e estavam parando de falar sobre corrida comigo o exemplo que eu tinha me tornado estava se apagando!

O exemplo e a liderança de de quem se superou o sedentarismo em nome da saúde, família, do trabalho,  passando a fazer uma atividade física por prazer estava se apagando.

Pois tinha parado, por qualquer motivo.

Aquela pergunta, disparou o gatilho da liderança que traz o prazer, a alegria de correr, mas de trazer outras pessoas para corrida.

Muitas vezes o prazer, a alegria de um feito não está somente em você, mas também de transmitir aos outros e de ser exemplo bom.

Encarei fiz a cirurgia,  tranquila e simples.

Mas até aqui, ainda não voltei a correr, nem a ir nos Corredores da Zona Norte.

Somos motivados pela dor muitas vezes,a fazer algo, mas agora esse não era o meu motivo.

O motivo era reencontrar o prazer para mim, pois não dá para trazer os outros para corrida sem estar correndo.

Pois, um grande prazer da corrida é justamente correr junto com os outros.

Meu professor Marcelo Avelar grande vencedor das provas de 5 km, mas mesma época que operei tinha se lesionado e também estava se recuperando.

E quando ele voltou a correr e venceu novamente, e aqui novamente o gatilho disparou!

Ao ver ele cruzando a linha de chegada, vibrando com a vitória aquilo também aconteceu comigo!

Não, nunca venci uma prova, mas quem corre sabe que ao cruzar a linha é a sua vitória pessoal.

E a nossa vitória pessoal é muito grande!

Cruzar a linha, não importa o tempo, a colocação, pois qualquer que seja, é uma vitoria pessoal sua e que nada tira de você!

E aquela vitoria disparou a vontade de voltar a correr e ter esse prazer.

Estar em um evento de corrida, da largada até cruzar a linha da vitória, você se transporta ao mundo dos atletas da competição.

A adrenalina toma conta de você, os pensamentos começam a mil por hora, depois vão se acalmando, você se concentra, diverte, corre e vence!

Vence a sua corrida!

Temos sempre de manter vivo em nós as nossas vitórias, os nossos prazeres, o que nos traz felicidades, os nossos valores,  para encararmos tudo o que vem pela frente e para nunca o que desanimar e  nos abater.

A vida assim como a corrida é uma longa preparação, onde você todos os dias da a largada e vai até o fim e nunca pode deixar de parar de correr ou de viver.

Parar é muito fácil!

Por isso devemos sempre estar ligados como disso em nossas vitorias pessoais que somente nos conhecemos e somente nos reconhecemos, elas não nos deixam parar e tem de ser a nossa força par a seguir em frente sempre.

Hoje estou de volta, já inscrito para corridas em 2016 e voltando a correr devagar.

Hoje respeitando quem parou e pronto para motivar quem está ao nosso lado.

Agradecido as pessoas que me cercam e que me fortalecem!

Hoje fortalecido que nas coisas simples é que moldamos as grandes.

Espero ter podido dividir uma experiência simples, verdadeira que pode acontecer a qualquer um e a todo momento, por isso devemos manter sempre vivo os bons momentos e aquilo que realmente é importante ser e fazer.

O ano de 2015 foi repleto de corridas.

E com resultados cada vez melhores:

Circuito Sol – 5km – 27:45

Oral b – 7km – 39:34

Circuito das Estações Etapa Outono – 5km – 26:43

Night Run – Estapa Fogo – 10km – 59:41

Vingadores – 7Km – 38:36

Delta – Etapa Portugal – 10km – 56:55

Estações Inverno – 5km – 24:59

E um novo desafio, meia maratona:

Asics – 21Km – 2:22:22

Depois de tanta corrida e preparação um novo desafio a ser superado, uma hernia inguinal.

O Ano de 2015 começou renovado e cheio de energia para as corridas.

Após a superação da lesão e ter corrido a São Silvestre, trouxe toda a motivação para novos desafios.

E para minha alegria conheci e entrei para os Corredores da Zona Norte, liderada pelo professor e campeão Marcelo Avelar.

Sempre treinava sozinho cumprindo minhas planilhas, mas treinar em grupo e com uma nova forma e posso dizer com uma nova didática trouxe realmente uma motivação  maior.

Ter ao seu lado pessoas, amigos que servem de modelo a ser seguido e com objetivos muito parecidos é muito bom.

Fazer novos amigos, encontrar sua tribo, encontrar uma nova família.

Uma grande alegria minha foi, quando minha esposa passou  a participar as corridas junto comigo.

Ela caminha e eu corro!

E depois da primeira corrida ela não parou mais e quer sempre participar o que é muito bom, para nós dois.

Um momento nosso, onde podemos nos divertir, correr e sair fora da rotina de um casal.

Essas é uma das grandes vitórias que o esporte nos proporciona, incentivar as pessoas a praticar um esporte e a curtir a sua pratica.

E para mim, ainda mais poder partilhar da festa junto com minha esposa e minha família!

Incentivar ela, para mim é motivo de muito orgulho, pois estou retribuindo a ela todo o apoio que recebo dela todos os dias.

Tudo pronto, já inscrito para a São Silvestre de 2015 e fazendo minha preparação, quando para minha surpresa no final de Setembro me machuco.

Acordo com uma dor no pé esquerdo, quase não conseguo por o pé no chão, mas com o passar do tempo a dor foi melhorando.

E como todo bom corredor iniciante, como a dor passou não fui ao médico, fui correr.

Bem, com o passar dos dias a dor não sumiu e continuou.

Fui ao médico depois de um tempo e descobri uma tendinite do tendão calcâneo…

Tratamento, não correr, anti-inflamatório, fisioterapia e muito alongamento.

Um dos fatores minha pisada.

Existem três tipos de pisadas, neutra – normal, supinada – para fora e pronada – para dentro, que é o meu caso.

Juntando a pisada pronada, com um encurtamento da musculatura da parte de trás da perna, e falta de muito alongamento ao longo da vida, estava feito o quadro da minha lesão.

Me perguntei e agora? E a São Silvestre?

Mas lembra que falei, que ao correr o sentimento de um atleta entra em nós?!

Então, me senti um Ronaldo, ou um atleta de alta performasse que precisa estar na sua competição para ganhar.

Fiz todo o tratamento e faltando três semanas para a São Silvestre estava recuperado.

Mas e a preparação?

Voltei devagar, fazendo 5km, depois 10km e por ultimo contrariando as regras corri 13 km, o que nunca tinha feito.

Sabe a teimosia, é bonita quando tudo da certo, mas sei que estava errado, não podia ter feito isso.

Eu tinha a alta médica, mas não estava 100%, podia ter piorado tudo.

Ainda, para completar a preparação para São Silvestre, no dia anterior trabalhando, depois de uma chuva, o transformador que alimenta a nossa empresa explode, derrama óleo por toda a calçada.

Tive de isolar a área, para evitar acidentes!

Perdi clientes, dinheiro, passei a noite levando mercadoria de um lugar para outro para não perder, não conseguia dormir de tanta agitação.

Mas eu estava pronto!

Me encontrei com os amigos e fui para a São Silvestre 2015.

Corrida mágica, maravilhosa.

Corri e aproveitei cada km, lindo correr pela cidade de São Paulo em um dia tão especial.

Corri a prova toda devagar sem pressa, afinal vinha de um lesão.

Terminar a prova fui uma vitória maravilhosa.

Foi a superação não só da pancreatite ou da lesão , mas uma superação dos meus limites pessoais.

Participar de um corrida de rua requer uma preparação, não é só se inscrever e pronto.

Assim, comecei a correr sozinho e procurei uma assessoria esportiva especializada em corrida em 2014.

Como era sócio do Clube Espéria, procurei o departamento de atletismo e lá iniciei a minha preparação, recebendo as instruções e recebi a minha planilha de atividades.

A planilha tem todo o seu desenvolvimento para você se preparar para o seu objetivo.

Em Março de 2014 coloquei como Meta participar da São Silvestre de 2015.

A minha participação na São Silvestre significaria minha recuperação total da minha pancreatite.

Assim foi, executando planilha, fazendo musculação orientada para o fortalecimento, com a finalidade de evitar lesões, um trabalho sério para você aproveitar a festa e os bons momentos que a corrida proporciona.

A planilha te orienta, te evolui, mesmo em certos momentos você não acreditando nisso.

Quando você está iniciando, você lê a planilha, principalmente no começo que tudo tá muito fácil, mas tudo é uma preparação.

Aprendi, não só na corrida , mas na vida que não se inicia correndo 42 km, primeiro você tem de andar, depois correr 1km, 5km, 10km, até chegar nos 42km.

Na corrida e na vida tudo é um acumular de quilometragem, quanto mais quilometragem, mais seu corpo e sua mente, estão preparados.

Quando comecei a correr sozinho, corria 5km e depois passei para 10km.

Percebi a dificuldade que foi ir de 5km para 10km, sem passar pelo 6km, 7km, 8km, 9 km, até o 10km.

O corpo e principalmente a cabeça sentiram muito. Ficava a cada quilometro sofrendo dizendo para mim mesmo: “Falta muito, chega, falta muito, para “.

Na preparação comecei passando por cada quilometro, ganhando resistência, potencia, tudo para melhorar a corrida.

No mundo moderno e agitado que vivemos hoje, muitas vezes pulamos etapas, pulamos a preparação e queremos logo o resultado.

E se preparar em tudo é muito importante, podemos até alcançar nossos objetivos, mas com preparação o preço é um e sem é outro.

Você nunca corre sozinho!

Correr é fazer amigos ou uni-los.

Assim, foi o meu início de temporada de corridas em 2014.

Ao inciar, as corridas logo descobri que meus amigos estavam correndo e na corirda nos unimos!

O que era difícil de acontecer por causa do dia a dia tornou-se fácil e muito bom, com a corrida.

Um grupo de whatzap, um motivando o outro, dando dicas cresce e une.

E não só aqui mas também em Portugal!

Em Portugal juntos com meus primos logo encontramos uma corrida para estarmos juntos e tornar o encontro mais festivo.

Quando digo correr não é só o movimento de braços e pernas é um movimento de aproximar, encurtar distâncias.

De aquecer corações, de dar risadas, de esquecer as coisas ruins e deixar as boas entrarem.

Correr é muito mais que movimentar o corpo, é movimentar a alma sua e dos outros!